segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Educadores (as) 2005

Salas de Alfabetização (APL - ALfabetização na Primeira Laje)
Lyvia Batista da Silva
Patrícia Menezes de Luna Freire
Vandilene Porfírio Guimarães

Salas de Pós-Alfabetização (TST - Tijolo Sobre Tijolo)
Diana Jaqueira Fernandes
Joseane Nazaro de Brito
Márcia Santos de Lima
Maria Valdenice Resende Soares
Vanderlúcia Mamede de Souza

Salas Mistas (APL e TST)
Ana Lídia Freire Martins
Joseane de Souza Martins (in memorian)
Maria Paula Isidro dos Santos

Contexto da Experiência


O PEZP nasceu na Capital paraibana, João Pessoa, cidade localizada no litoral da costa atlântica brasileira ocupando uma área de 189 km2 . Fundada em 1585, com o nome de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, é a terceira cidade mais antiga do Brasil tendo, aproximadamente, uma população de 597.934 habitantes.
Situada em um dos estados mais pobres do Nordeste brasileiro, destacando-se os seguintes aspectos gerais no patamar nacional: Padrão de vida: IDH de 0,5573 - 24ª posição; mortalidade infantil: 59,4 %(2000); analfabetismo: 25,9% e analfabetismo funcional: 43,3% (1999), e sendo o mais importante município da Paraíba, a cidade de João Pessoa concentra a maior parte dessa população. Essa significativa demanda é resultado da migração de pessoas que, fugindo das secas e escassez de trabalho, vislumbram na Capital a possibilidade de obter melhores condições de subsistência.
Outro elemento que caracteriza a região é o expressivo índice de analfabetismo, especialmente entre trabalhadores rurais. Dados do Censo Demográfico Brasileiro, divulgados pelo IBGE (1998), indicam que ainda 28,7% da população com mais de 15 anos é analfabeta, dos quais 45,8% vivem na zona rural. No Brasil, dados da mesma fonte apontam um índice nacional de analfabetismo da população acima de 15 anos de 13%.
É envolto nesse cenário socioeconômico onde se desenvolvem as atividades do PEZP que tem a sua coordenação instalada no espaço físico da Universidade Federal da Paraíba, Campus I, no Centro de Educação. As atividades realizadas pelo PEZP visam a implementação de ações que contribuam para o desenvolvimento social, cultural, político, sensorial e intelectual do aluno-operário, por meio da aquisição da linguagem, da matemática e dos conhecimentos gerais. O PEZP também tem como foco a preocupação em gerar iniciativas didático-pedagógicas que possam instrumentalizar o aluno-operário para o exercício pleno da sua cidadania.

O PEZP no ORKUT

Participem da comunidade Projeto Escola Zé Peão no Orkut.
É mais um espaço de divulgação e troca de experiências.

Momento de Reflexão


“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podemaprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela)

Prêmios

O Projeto Escola Zé Peão participou em dezembro de 2005 do primeiro Concurso de Programas de Alfabetização organizado pela CREFAL - Centro de Cooperación Regional para la Educación de Adultos en América Latina, com sede no México. Participaram deste concurso experiências de toda a américa latina e nosso projeto teve a honra de ser contemplado com o 3º lugar. Parabéns!!!!
Maiores informações sobre o concurso no site:

Perfil dos Alunos


Nosso público prioritário é o operário da construção e do mobiliário que trabalha na grande João Pessoa – PB atuando em empresas afetadas por processos de modernização tecnológica e que demandam novos perfis sociais e profissionais para a categoria. A grande maioria encontra-se na faixa etária que vai dos 21 aos 40 anos. É importante registrarmos que, na Paraíba, a maior concentração de analfabetos nesta categoria está entre os serventes migrantes do campo, trabalhadores temporários ou sazonais oriundos de pequenas cidades do interior do Estado, que correspondem a 60%, ou mais, da força de trabalho em qualquer obra local de médio ou grande porte.
Dada a sua ligação temporária com a indústria da construção e a cidade na qual trabalham, são eles, predominantemente, os ocupantes dos alojamentos nos canteiros de obra, mais por força da inviabilidade econômica de outras alternativas do que por opção.

Depoimento do ex-aluno Edmilson


Com objetivo de viabilizar a continuidade dos estudos para os alunos concluintes do Programa TST (Tijolo sobre Tijolo - pós-alfabetização), o PEZP vem estabelecendo parceria com a Secretaria de Educação do Estado no que tange a oferta de salas de supletivo presencial de 5ª a 8ª série. O depoimento do aluno Edmilson reforça a importância dessa iniciativa.

João Pessoa, 23 de novembro de 2005. Filho de João Fortunato de Souza, mecânico, e de Maria Anunciação da Silva Souza, lavadeira, nascido em 30-08-1965, pessoense, paraibano, sou Edmilson da Silva Souza. Comecei a trabalhar cedo pegando frete, aos treze anos fui chapeado e com dezesseis iniciei na indústria da construção civil; mas foi em 1995, quando trabalhava na obra do Condomínio Residencial Val Paraíso no Bessa com a professora Violeta, que os depoimentos dos alunos me acordaram do pesadelo. Tomei gosto e conclui o primário, logo depois, com a ajuda do SINTRICOM que, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado, passou a oferecer a EJA, conclui o Ensino Fundamental e pretendo concluir o Ensino Médio. Enfim, sonho em chegar a ser advogado. Hoje me encanto com a visão de enxergar coisas minuciosas. Tenho orgulho, mas não sou orgulhoso! Sou um aluno Zé Peão.

Edmilson da Silva Souza

Princípios Metodológicos


A metodologia utilizada pelo Projeto Escola Zé Peão baseia-se em três princípios básicos que norteiam as atividades desenvolvidas em sala de aula, sendo também um norte para a efetivação das atividades dos bolsistas colaboradores:

O princípio da contextualização: é fundamental considerar o contexto em que a experiência escolar se realiza. Na operacionalização do conceito de contexto, fomos privilegiando fatos como: (a) as condições de vida, em geral, dos alunos e, em particular, as condições em que se dá a sua inserção no mundo do trabalho, precisamente no mundo da indústria da construção; (b) as lutas do sindicato dos trabalhadores dessa indústria, o qual desencadeou a elaboração/execução desse projeto escolar como parte de seu programa de formação de base dos operários que representa; (c) a localização da equipe responsável pelo Projeto no atual espectro de teorização sobre educação, de um modo geral, e sobre alfabetização, de um modo particular.
O princípio da significação operativa: defende-se, com este princípio, o exercício da busca cotidiana de sentido para "o que se faz" e "porque se faz", refletindo-se sobre o confronto entre o desejado e o possível, nas circunstâncias dadas.
O princípio da especificidade escolar: defendemos que uma escola tem compromisso com o ensino da lecto-escrita stricto sensu. Por mais elástico que o conceito de "alfabetizado" possa ser, reforçamos a explicitação de nosso entendimento de que os trabalhadores-alunos aprendam a ler/escrever textos, subordinando outras competências à realização, pelo menos concomitante, desse aprendizado específico.
Como vem sendo a prática pedagógica do PEZP, desde as suas origens, os (as) alfabetizadores (as) recebem formação e acompanhamento pedagógico contínuo. Através de encontros semanais de planejamento e oficinas pedagógicas.

Objetivos Gerais da Experiência


Articular atividades culturais relativas aos âmbitos da leitura, artes, teatro, comunicação à oferta educacional – alfabetização e pós-alfabetização - oferecida aos trabalhadores da indústria da construção, nosso público alvo, ampliando os procedimentos/conhecimentos capazes de contribuir para uma compreensão mais apurada e crítica da realidade social onde estes/estas (operários-alunos) estão inseridos;
Propiciar aos alunos(as) dos diferentes cursos de licenciaturas da UFPB oportunidades para vivenciarem processos educativos envolvendo ensino, pesquisa e extensão;
Propiciar aos alunos do Zé Peão conhecer e/ou aprimorar seus conhecimentos sobre processos que envolvem a relação educação, trabalho e cidadania. Através da relação, educação, arte e literatura.

Momento de Reflexão


A ESCOLA
(Paulo Freire)

Escola é...
O lugar onde se faz amigos
Não se trata só de prédios, salas,
quadros, programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha,
Que estuda, que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente,
O aluno é gente, cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor na medida em que
Cada um se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que
Não tem amizade a ninguém nada de ser como o tijolo que
Forma a parede, indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora , é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz."

Organização da Experiência


Ao longo dos seus 14 anos de existência, o Projeto Escola Zé Peão, já atendeu mais de 4.000 (quatro mil) trabalhadores e auxiliou na formação de cerca de 180 jovens universitários oferecendo dois programas educativos: APL – Alfabetização na Primeira Laje destinado aos alunos-operários que não possuem domínio da leitura e da escrita e TST – Tijolo sobre Tijolo, destinado aos operários-alunos que já possuem algum domínio da leitura e da escrita correspondendo a primeira fase do Ensino Fundamental.
A metodologia adotada pelo PEZP tem ainda como suporte os seguintes programas: A Biblioteca Volante, que insere o operário-aluno no mundo escrito e, paralelamente, estimula o gosto pela leitura; a Oficina de Arte, que permite ao operário-aluno o conhecimento de outras linguagens e formas de expressão; o Programa de Atividades Culturais, que contribui para o desenvolvimento do aluno como ser social, cultural e histórico, através de visitas a locais, eventos e sítios com valor sócio-cultural e histórico; o Varanda Vídeo, que leva para a sala de aula a magia da linguagem cinematográfica através da exibição de filmes, documentários e programas educativos que auxiliam na aprendizagem.
O quarto Programa, a produção do Jornal A Voz da Escola, versa sobre assuntos de interesse variados que englobam desde temas a serem trabalhados em sala de aula, a informações de política, cultura, esportes e entretenimentos a dicas de saúde e informes jurídicos.