segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cartas de boas vindas aos novos educadores - 2011

       
"Será uma grande satisfação ter vocês como parceiros dessa caminhada. Fico feliz em saber que mais companheiros irão fazer parte do universo da Educação de Jovens e Adultos, mais precisamente do PEZP. 
Venho por meio desta, compartilhar as minhas experiências com  vocês e dizer o quanto é satisfatório trabalhar com Educação Popular. 
Sou educadora popular. Trabalho no PEZP há dois anos. Minha sala é pioneira da comunidade e fica localizada no Bairro São José. Considero a minha segunda casa, pois tenho um relacionamento bom com meus educandos. Conquistei a confiança deles e hoje me sinto como membro da família de cada um. Eles não me tem apenas como educadora, mas como alguém que podem confiar e compartilhar um pouco de suas vidas.
Costumo dizer que o Projeto Escola Zé Peão é uma "universidade" que abre possibilidades de associar a teoria com a prática. Ele foi criado em 1991, com objetivo de alfabetizar trabalhadores da construção civil. Sua metodologia é fundamentada em três princípios norteadores: 1) Contextualização - buscar estarmos sempre próximos da realidade vivenciada pelos educandos; 2) Operação significativa - abordar conteúdos que tenham significação prática na vida dos educandos, e; 3) Especifidade escolar - interdisciplinaridade, não esquecendo de trabalhar os conteúdos da leitura, escrita e matemática.
A vivência no PEZP é dinâmica. A troca de experiências e conhecimento com a equipe de educadores e coordenação é gratificante, e estamos sempre tendo momentos de formação continuada para socializarmos o que foi possível ser trabalhado na semana ou na quinzena, bem como nossas dificuldades e êxitos.         Eu aprendi bastante. Sempre proporcionávamos momentos de reflexão, com objetivo de ajudarmos uns aos outros. A coordenação nos auxilia na medida do possível e acreditando que somos capazes de encarar os desafios e conseguir chegar ao que almejamos [...]. 
Enfim, deixo aqui expresso um pouco da minha vivência e o que trouxe de enriquecimento para minha vida pessoal e profissional, que hoje, graças a Deus e ao 'Zé', por ter me oportunizado, ocupo outros espaços e funções, com comprometimento pela Educação. 
Desejo sorte e sucesso!"  
Nadja Gomes
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" Caros colegas...


Fico feliz por tê-los em nossa formação. O Projeto Escola Zé Peão é mesmo que uma família, onde temos várias mães, pais e irmãos de todas as idades. Aqui toda crítica é construtiva. Nossas mães mantêm um diálogo sempre aberto, preocupam-se com nossas dificuldades e nos apoiam para solucioná-las da melhor maneira possível, visando o nosso aprendizado e o dos educandos. 
Aprendi e cresci muito como ser humano, profissional, aluna, amiga. Aprendi a ouvir mais, e venho me aperfeiçoando o falar na minha vez e aceitar a opinião do amigo.
A proposta pedagógica do projeto é Freiriana. Senti muita dificuldade em me desgrudar do método caixote das escolas tradicionais, aplicando o ouvir mais, falar na hora certa, aceitar a opinião do próximo. 
Os operários são pessoas dignas que tem muita bagagem para trocar informações e, juntos, construirmos as aulas todos os dias. Todos os educandos tem sua história de vida única; sofreram, construíram família e vêem no Zé Peão a oportunidade de aprender ou melhorar leitura e escrita. 
Quanto aos meus colegas educadores, vocês irão se surpreender com tantas mentes brilhantes juntas, vários mundos, experiências. São formidáveis nossos encontros, meus colegas (irmãos) e coordenadores (pais e mães) nos auxiliam, nos ajudam. Aqui há cumplicidade, amizade, ajuda mútua, diálogo e muito mais. Não competimos uns com os outros, competimos com nós mesmos com objetivo de nos superar, vencer nossos medos, frustrações e obstáculos.
Este ano poderia ter me preocupado mais com as sistematizações das aulas e ter me comprometido com maior parte dos dias a esta finalidade [...]
Por último, caros colegas, se empenhem no nosso curso de formação. Abram olhos e ouvidos. Os olhos do coração também e falem sempre que forem solicitados, expondo suas idéias, pois essa formação serve para conhecermos melhor nossos colegas e nossos coordenadores, além de contribuir de maneira significativa para nossa aprendizagem. Na sala de aula, não esqueça de ouvir seus alunos, extrair o que eles têm de melhor, permitindo que eles falem, construam, participem do processo ensino aprendizagem. Construir um vínculo de amizade com respeito e descontração, porque vai ajudá-los a confiar e a se mostrarem como pessoas, sem medo de expressar os conhecimentos. Evidencie o quanto eles têm valores, abstraindo dos erros e acentuando os acertos.
Sejam bem-vindos!"
Ozilma Freire
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"Olá...

O PEZP tem grande valor em minha vida e fico feliz em poder compartilhar com vocês. Encontrarão uma família com quem poderão contar nos momentos que precisarem.
No início tive grandes dificuldades, achei meio alheio ao que é abordado na UFPB, mas quando incorporamos ou estamos em campo percebemos a grande valia da experiência que estamos vivendo e os desafios vão se tornando mais fáceis; lembrando sempre que terão uma equipe pedagógica a disposição para orientação. Este é o diferencial do PEZP, não estarmos sozinhos nessa caminhada. 
Se vocês sabem ouvir, ótimo! Ouvir as expectativas e conhecer a realidade dos educandos, levando em consideração a realidade de cada um. É surpreendente o que eles têm para nos ensinar. É mágico quando nos deparamos com uma aula dinâmica que os mesmos proporcionam [...]. Acredito que houve falhas. Eu queria ter mais disponibilidade para aproveitar cada momento de aprendizagem. As visitas pedagógicas nas salas são ricas, os materiais e as orientações são ferramentas importantes para que as aulas e todo o processo caminhe bem. Fico com gostinho de quero mais! 
O Projeto Escola Zé Peão é um aprendizado contínuo...
Aproveitem!"
Elainy Cristina 
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"Caros,

primeiramente falarei sobre o Projeto Escola Zé Peão, que a meu ver tem por objetivo sensibilizar e formar cidadãos críticos e reflexivos, alfabetizando e dando oportunidade de continuar os estudos para aqueles que já são alfabetizados e trabalhadores da construção civil, que por algum motivo não passaram por este processo quando crianças, mas que não podem ser considerados analfabetos, pois, como disse Paulo Freire, 'a primeira leitura que realizamos é a do mundo, logo, eles também são leitores, apenas não dominam, de forma mais ampla, a codificação e decodificação da língua portuguesa.'
A metodologia utilizada pelo projeto é a da Educação Popular, idealizada por Paulo Freire, que leva em consideração o saber dos educandos, sempre trabalhando com seus conhecimentos prévios, com temas e conteúdos que tenham significado para os educandos. Dessa forma, o processo educativo está voltado ao trabalho de forma contextualizada a realidade em que os educandos se encontram e ao diálogo entre a linguagem (leitura e escrita) e a matemática.
Quanto a vivência com os educandos onde trabalhei, posso falar que ocorreu num ambiente de respeito mútuo, com momentos de brincadeiras, chateações e preocupações, pois o trabalho, mesmo sendo prazeroso, apresenta muitas dificuldades pelo fato de os educandos irem à sala de aula após uma jornada de trabalho pesado, muitos com os olhos vermelhos, a mente lenta, o corpo cansado e desestimulados, cabendo a nós, educadores, compreendê-los e sempre tentar lidar com essa realidade.
Em relação às minhas  aprendizagens, digo-lhes que foram muitas, tanto no planejamento de aula, preparação de materiais para as aulas, como também em trabalhar vencendo a si mesma, tanto nas questões do cansaço, do desânimo do dia a dia, da rotina que deixamos transparecer na aula. Também aprendi a tentar não deixar transparecer minhas incertezas e frustrações, planejando aulas que visam a aprendizagem com prazer [...].
Abraços!"
Iara Silva